sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Bom Exemplo de Moralidade

Platão, o fervoroso discípulo de Sócrates, já insistia na importância fundamental da instrução moral e do valor do bom exemplo. Em um de seus discursos, ele concluiu nestes termos: “Quando os governantes abusam de seu poder; quando os pais se habituam a deixar os filhos sem disciplina; quando os filhos não prestam atenção a suas palavras; quando os mestres tremem diante de seus alunos e preferem bajulá-los; quando, finalmente, os jovens desprezam as leis e a moral porque não reconhecem acima deles a autoridade de nenhuma coisa ou pessoa, então surge ali em toda a beleza e em toda juventude, o nascimento da tirania”.
É indispensável que aqueles que detêm o poder, em qualquer nível, sejam exemplos de moralidade para os povos que governam. E em matéria de moral, a educação tem um papel essencial. Na realidade, é fácil compreender que a humanidade de amanhã será a imagem do que as crianças de hoje farão. Por conseqüência, é óbvio que se não as educarmos no respeito às coisas, seres e valores éticos mais nobres, no sentido místico do termo educar, elas perderão de vista o próprio propósito de sua existência.
É neste sentido que nós, sempre em busca do conhecimento e da verdade, temos a responsabilidade de levar idéias novas à sociedade em que convivemos, principalmente através do bom exemplo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Prova da Terra

Na Alquimia, a terra e a água são consideradas substâncias passivas e terrestres. O ar, por outro lado, juntamente com o fogo, está associado a um princípio ativo e celeste. Aplicado à evolução espiritual do homem, ele simboliza a ascensão gradual de sua personalidade-alma para os planos superiores de consciência. Esse simbolismo é ilustrado pelo incenso, que se eleva em espirais para o céu, sendo que seu perfume “espiritualiza” as vibrações da atmosfera ambiente e desperta em todo místico um sentimento de introspecção.
Nas Escolas de Mistérios do antigo Egito a prova da terra representava a luta alegórica que o candidato à iniciação tinha de travar para livrar-se do jugo dos sentidos e libertar-se das tentações terrestres. Só o fato de desejar o conhecimento não era suficiente para ser admitido, era necessário merecê-lo e estar animado por aspirações puras.

domingo, 18 de julho de 2010

A Palavra Perdida

Todas as tradições místicas se referem ao Verbo Divino, a Palavra que Deus pronunciou no início dos tempos para criar o universo. Do ponto esotérico ela se refere ao desencadear das leis cósmicas a partir das quais a Criação visível se originou. Segundo numerosos textos esotéricos, o ser humano era originalmente um ser espiritual perfeito e dotado da Sabedoria Suprema; segundo os antigos cabalistas era o “Adam Kadmon”, ou seja, o Arquétipo da alma humana. Naquela “época adâmica” ele conhecia o Verbo e tinha o direito de utilizá-lo para criar o que Deus lhe ordenasse. Segundo o Gênesis ele cometeu o erro de utilizar este direito para satisfazer suas próprias ambições e rivalizar com o Criador. Este abuso deu origem a sua Queda e provocou sua involução, sua descida progressiva na matéria e sua encarnação num corpo físico. No transcorrer dessa Queda alegórica ele se afastou da Luz Divina, mergulhou nas trevas da ignorância e perdeu o conhecimento da Palavra Divina. Foi então que a Palavra ficou perdida para ele. O objetivo do ser humano é exatamente reencontrar a Palavra Perdida, fazendo o caminho inverso, considerada a senda evolutiva para voltar ao estado de Perfeição e recuperar a condição espiritual que tinha originalmente.

sábado, 29 de maio de 2010

Na senda do conhecimento

Do ponto de vista científico, independentemente de qualquer doutrina religiosa ou filosófica, o ser humano é o resultado de um processo de evolução. Devemos admitir que o homem primitivo era uma criatura bem diferente do homem moderno. Por necessidade, a morfologia geral do homem se transformou constantemente no decorrer dos séculos.
A 1ª grande mudança que marcou o corpo físico foi certamente sua passagem definitiva para a posição “de pé”, com as profundas mudanças em sua estrutura óssea. A 2ª transformação foi sua capacidade de “opor o polegar de cada mão a cada um dos outros dedos”, o que lhe permitiu grande evolução em suas habilidades manuais. A natureza tende sempre a estabelecer uma harmonia tão estreita quanto possível entre cada ser vivo e o meio em que ele evolui.
Mas a busca pelo conhecimento deve, em algum momento, ser a meta de todo ser humano, que vive num mundo em evolução contínua. Cabe aos que já estão na senda do conhecimento, incentivar os interessados para que, pelo esforço pessoal, cheguem a um maior nível de compreensão. O nosso aprimoramento individual, assim como a mudança para melhor, ocorre gradativamente pela assimilação dos ensinamentos disponíveis.
É importante que cada um de nós, convivendo nesse mundo em evolução, deixe transparecer os benefícios desse aprendizado, através da conduta pessoal equilibrada, do bom senso, das palavras construtivas e, sobretudo, pela compreensão do mundo e de si mesmo. Essas virtudes se consolidam pela assimilação do conhecimento e de acordo com o empenho de cada um.

O Segredo Iniciático

“Tu trazes em ti mesmo um amigo sublime que não conheces, pois Deus reside no interior de todo homem, mas poucos sabem encontrá-lo.”
Esta citação pertence ao livro Bhagavad-Gita, texto religioso hindu, que em sânscrito significa "o Canto Divino",, assim chamado por conter as palavras de Krishna, a divindade encarnada. A religião traz um reconforto ao indivíduo porque ela busca dar-lhe poderes psíquicos e espirituais, que comuniquem sua salvação com uma adaptação a nossa vida. O esoterismo, ao contrário, busca fazer chegar o homem aos estados superiores, fazendo-lhe ultrapassar sua própria condição para que ele possa se identificar com um estado universal. Há uma noção de “libertação” e todo tema iniciático se exprime através de um rito de passagem, pelo aspecto de uma morte fictícia para renascer em um mundo mais sublime.
Mas aquele que quer ser iniciado nos mistérios de uma ordem iniciática, para conhecer o segredo, pode se enganar; talvez ele viva vários anos, sem jamais chegar a penetrar o segredo iniciático. O segredo iniciático é inviolável por sua própria natureza, pois aquele que o sabe, o sabe por tê-lo descoberto ou adivinhado, observando, raciocinando, refletindo e deduzindo.
Este segredo, que escapa a um conhecimento meramente racional, sofre uma influência espiritual profunda; esse conhecimento abstrato só pode se traduzir a partir de símbolos, que animam os ritos praticados em templos iniciáticos; não podemos penetrá-lo senão segundo nossas próprias possibilidades de compreensão, segundo o estado de evolução de nossa realidade interior.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Troca de Idéias

"Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão e, ao se encontrarem, eles trocarem os pães, cada homem irá embora com um; mas se cada um vem carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocarem as idéias, cada um irá embora com duas."

terça-feira, 13 de abril de 2010

O aspecto iniciático da morte

Foi o mistério da morte que incitou o ser humano primitivo a refletir sobre sua condição e seu destino. Durante milênios ele viveu de forma individualista, com o único objetivo de assegurar sua subsistência, limitando-se a satisfazer as necessidades físicas e a proteger-se dos animais selvagens.
Com o tempo desenvolveu o instinto gregário e sentiu o desejo de viver em comunidade. Assim fazendo, despertou sua natureza emocional e criou laços afetivos com seus semelhantes, especialmente com os membros de sua tribo e de sua família. Daí por diante, passou a sentir uma grande dor cada vez que um dos seus morria, então buscou um meio de materializar sua afeição. Foi assim que surgiram as primeiras sepulturas e que nasceu o culto aos mortos, o próprio fundamento das primeiras religiões da história conhecido, incluindo nisso as próprias pirâmides.
A morte faz parte dos acontecimentos que freqüentemente provocam medo e dúvida. Ela é muitas vezes precedida de sofrimentos físicos ou morais, o que contribui para torná-la ainda mais angustiante. Mas esta partida para o além não é tão terrível quanto geralmente se acredita e deveria ser abordada com serenidade. Se ela suscita tantos temores, é porque o ser humano ignora que ela, na verdade, conduz a um estado transcendental, que nos aproxima da condição divina. Neste sentido, as religiões não insistem suficientemente neste aspecto iniciático da morte e, por outro lado, desnaturaram o seu sentido, transformando-a num tabu e objeto de apreensão para muitos de seus fiéis.