sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A separação dos sexos na Lemúria

Ao contrário do que ensina a filosofia materialista de nosso tempo, que acredita poder deduzir a biologia da química e fazer brotar a consciência do Eu com reações puramente fisiológicas, aqui tudo sai do Invisível e toma forma no Visível. O Espírito se involui na matéria, que por um choque de retorno evolui na direção do espírito, personificando-se e individualizando-se sem cessar. A cada nova transformação do mundo planetário, a cada nascimento de mais um planeta, todos os seres sobem mais um degrau na escala conservando as mesmas distâncias. A Lua atual era outrora parte integrante da Terra. Os Poderes espirituais que separaram a Lua da Terra foram os mesmos que arrancaram outrora a Terra do Sol. O fim principal desta cisão era a descida do homem, do plano astral para o plano físico, onde devia adquirir a consciência pessoal pelo desenvolvimento de novos órgãos. Ora, na ordem humana, não seria possível senão pela separação da Terra e da Lua em dois pólos, nos quais a Terra representaria o pólo masculino e a Lua o pólo feminimo. O desenvolvimento fisiológico correspondente teve por consequência o aparecimento dos sexos no reino animal, como também no reino humano. A espécie humana somente se resgatou da animalidade com o desdobramento dos seres vivos em sexos opostos. E, pela bissexualidade, três novas forças entraram em ação: o amor sexual, a morte e a reencarnação, agentes poderosos de ação, de dissociação e de renovação, encantamentos e terrores da evolução humana. Entretanto, antes de atingir sua forma atual, o ser humano, caído do plano astral para o plano físico, atravessou as principais fases da animalidade (peixe, réptil, quadrúpede e antropóide). Porém, ao contrário da teoria de Darwin e de Haeckel, os fatores essenciais da humanidade, ao atravessar a sua maneira as fases dos grandes espaços, não foram nem a seleção natural, nem a adaptação ao meio, mas um impulso interior, sob a ação dos Poderes espirituais, que seguiram o homem passo a passo e o aperfeiçoaram gradualmente. Jamais o homem transpôs as etapas terríveis, que o conduzem da animalidade instintiva à animalidade consciente, sem os seres superiores que a talharam através de milhões de anos. Os espíritos-guias de então agiram duplamente sobre a humanidade nascente, seja encarnando-se em seus corpos, seja pelo influxo espiritual. Assim, o ser humano foi-se modelando ao mesmo tempo por dentro e por fora. Pode-se afirmar que o homem é também, concomitantemente, sua própria obra e a obra dos Deuses. Dele veio o esforço, mas deles a centelha divina, o princípio da alma imortal. Transportemo-nos agora a alguns milhões de anos mais tarde, à época eocênica e miocênica. A terra mudou de aspecto. Todo o fogo se recolheu ao interior. A massa aquosa aumentou. Uma parte do invólucro vaporoso do globo se condensou, depois se estendeu na superfície como oceano. Um continente surgiu no hemisfério astral: a Lemúria. Sobre o solo desse continente, feito de granito e de lava endurecida, com a atmosfera sempre carregada de nuvens, mas uma luz incrível a atravessa. Tudo o que fervilhava outrora na atmosfera da Terra-Lua, gérmes de plantas e de animais, reapareceu na terra em formas mais avançadas, que nadam no oceano, pulsam, alastram-se, marcham sobre o solo ou voam no ar pesado. O ser destinado a tornar-se o homem, o hermafrodita medusiano, meio peixe, meio serpente da época primária, tomou a forma de um quadrúpede, de uma espécie de sáurio, mas muito diferente dos sáurios atuais, que são apenas o rebento e a degenerescência daquele. Seu sistema cerebrospinal, revelado apenas na medusa humana primitiva, desenvolveu-se fortemente. Sua glândula pienal se revestiu de um crânio, onde formou-se o cérebro, surgiram dois olhos com visão turva, mas no penacho pienal conservou seu dom de sensibilidade astral. Suas guelras tornaram-se pulmões, as barbanas em patas. Para tornar-se este ser, meio rastejante e meio andante, transformou-se em um homem ereto. À medida que o homem perdia as formas animais e se aproximava da forma atual, a separação dos sexos se acentuava. A oposição entre os sexos e atração sexual deviam ser, nas épocas seguintes, um dos mais enérgicos propulsores da humanidade em ascendência. Mas seus primeiros efeitos foram terríveis. No mundo animal como na humanidade que nascia, a primeira erupção dos sexos na vida, o novo prazer de criar a dois, agiu como uma bebida inebriante sobre todos os seres vivos. As espécies se cruzaram e o mar tornou-se um laboratório de monstros. Do acoplamento das espécies inferiores da humanidade com os mamíferos nasceram os símios. O homem não é, portanto, abosolutamente um símio aperfeiçoado. Ao contrário, o símio é uma degenerescência e uma degradação do homem primitivo, um fruto de seu primeiro pecado. Jamais calamidade mais espantosa assolou o mundo. Dessa desordem das gerações saíram todas as más paixões: desejos sem freio, inveja, ódio, a guerra entre os homens e animais, assim como dos homens entre si. Um desastre era iminente. Um cataclisma devia destruir grande parte do continente lemuriano, mudar a face do globo e transportar os sobreviventes para uma nova onda de vida. Há uma correlação íntima e constante entre as paixões que agitam o mundo dos vivos e as forças que se chocam nas entranhas da Terra. Não é um elemento consciente, mas passional, de extrema vitalidade e de uma formidável energia, que responde magneticamente aos estímulos animais e humanos por meio de repercussões violentas. Formidáveis abalos telúricos agitam a Lemúria de um extremo a outro. Inúmeros vulcões se puseram a expelir torrentes de lava. Milhões de monstros foram asfixiados pela fumaça ou tragados pelo mar fervente. Alguns dentre eles escaparam do cataclisma e reapareceram no período seguinte. Quanto aos homens deteriorados, foram exterminados em massa com o continente que, após uma série de erupções, vergou e recolheu-se pouco a pouco sob o oceano. Entretanto, uma elite da raça lemuriana se refugiou na extremidade ocidental do continente, sob o comando do Guia divino e daí pode alcançar a Atlântida, a terra virgem e verdejante, recentemente imersa das águas, onde devia se desenvolver uma raça nova e a primeira civilização humana. Os naturalistas, que estudam o globo terrestre do ponto de vista da paleontologia e da antropologia, anunciaram há muito tempo a existência de um antigo continente, hoje submerso, ocupando o hemisfério astral. Constituía-se da Austrália atual, uma parte da Ásia e da África meridional, chegando até a América do Sul. Nessa época, a Ásia central e setentrional, toda a Europa, assim como a maior parte da África e da América, estavam ainda sob a água. A provável duração do continente lemuriano foi de quatro a cinco milhões de anos. Sua flora se caracterizava pelas coníferas com agulhas, fetos gigantes e quentes pântanos. Sua fauna consistia de todas as espécies de répteis. Para finalizar a Lemúria afundou há um milhão e meio de anos, onde se desenvolveram as maiores aberrações de animais e de humanos primitivos, quando da separação dos sexos, que foi seguida da maior explosão de sexualidade da história. Tantas foram as discórdias e tão grande o transtorno geral que o planeta chegou a um estado vizinho dos caos. As espécies tiveram um tendência para se juntarem. Os pterodáctilos, unidos às serpentes, conceberam as aves de rapina. O mar tornou-se um laboratório de monstros. Do acoplamento das espécies inferiores da humanidade com os mamíferos nasceram os símios. O ser humano não é um macaco aperfeiçoado, ao contrário, o macaco é uma degenerescência e uma degradação do ser humano primitivo. O macaco causa horror ao homem justamente porque ele lhe diz: "Toma cuidado para não recair ao instinto em vez de subir até a consciência, senão tu te tornarás semelhante a mim!" Bibliografia: "A Evolução Divina da Esfinge ao Cristo" de Edouard Schuré.