sexta-feira, 13 de abril de 2018

Do Conhecimento a Sabedoria

Na Europa medieval, a principal fórmula para o conhecimento era: “Conhecimento = Escrituras x Lógica”. Para saber a resposta a uma questão importante, devemos ler as escrituras e usar nossa lógica para compreender o significado exato do texto.
A Revolução científica propôs uma fórmula bem diferente para conhecimento: “Conhecimento = Dados empíricos x Matemática”. Se quisermos saber a resposta para alguma questão, precisamos reunir dados empíricos relevantes e depois usar ferramentas matemáticas para analisá-los.
A fórmula científica do conhecimento leva a descobertas impressionantes, mas há um enorme senão: não pode lidar com questões de valor e de significado. Os sábios medievais podiam determinar com certeza que é errado matar e roubar e que o propósito da vida humana consiste em fazer a vontade de Deus, porque assim diziam as escrituras. Os cientistas não são capazes de chegar a tais juízos éticos. E a sociedade humana não é capaz de sobreviver sem esses juízos de valor.
Uma maneira de superar essa dificuldade seria continuar a usar a velha fórmula medieval em conjunção com o novo método científico. Então o humanismo ofereceu uma nova alternativa e a medida que os humanos adquiriam confiança em si mesmos, uma nova fórmula para alcançar um conhecimento ético se revelava: “Conhecimento = Experiências x Sensibilidade”. Se quisermos ter uma resposta a qualquer questão ética, precisamos nos conectar com nossas experiências interiores e observá-las com a máxima sensibilidade.
Na prática, isso significa que estamos em busca de conhecimento quando passamos anos reunindo experiências e aguçando nossa sensibilidade de modo a compreender corretamente essas experiências.
O que é exatamente uma “experiência”? Uma experiência é um fenômeno subjetivo que inclui “sensações, emoções e pensamentos”. 
E o que é “sensibilidade”? É prestar atenção a minhas sensações, emoções e pensamentos, permitindo que exerçam influência sobre mim.
Experiências e sensibilidade se incrementam reciprocamente num ciclo interminável. Não sou capaz de experimentar nada se não tiver sensibilidade, assim como não sou capaz de desenvolver sensibilidade a menos que passe por uma variedade de experiências.
Assim, o humanismo vê a vida como um processo gradual de mudança interior, que parte da ignorância e chega à iluminação por meio de experiências.

O objetivo da nossa existência terrena é a “destilação da mais ampla experiência de vida possível para formar Sabedoria”.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Progresso versus Conhecimento

A economia da raposa não tem como crescer, pois raposas não sabem como produzir mais coelhos. E a economia estagna, porque os coelhos não tem como fazer o capim crescer mais depressa. Mas a economia humana pode crescer porque humanos são capazes de descobrir novos materiais e fontes de energia.
A ciência tem provido a modernidade com uma alternativa, o conhecimento. Portanto a tradicional visão do mundo do Homo sapiens engloba três tipos de recursos: matérias-primas, energia e conhecimento.
Durante milhares de anos, o caminho científico para o crescimento ficou bloqueado porque se acreditava que as sagradas escrituras continham todo o conhecimento importante que o mundo tinha a oferecer. Da mesma forma, uma cultura humana que acreditasse já saber tudo o que valia a pena ser sabido não se daria o trabalho de buscar novos conhecimentos. Essa foi a postura da maioria das civilizações pré-modernas.
No entanto, a Revolução científica libertou o gênero humano dessa convicção. A maior das descobertas científicas foi a descoberta da Ignorância. Uma vez que os humanos se deram conta de quão pouco sabiam sobre o mundo, eles tiveram um bom motivo para ir em busca de conhecimento, o que abriu o caminho científico para o progresso.
A cada geração, a ciência ajudou a descobrir novas fontes de energia, novos tipos de matéria-prima, melhor maquinaria e métodos de produção inovadores, para fazer então disparar a produção. No século XXI confiamos na nanotecnologia, na engenharia genética e na inteligência artificial para revolucionar ainda mais a produção.

Tanto o progresso científico como crescimento econômico tem lugar numa biosfera frágil e suas ondas de choque desestabilizam a ecologia. Se progresso e crescimento terminam com a destruição do ecossistema, o custo será cobrado não apenas das raposas e dos coelhos, mas especialmente do Homo sapiens.