sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Competência

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”. Ayn Rand-Filósofa russa-americana

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Não ao fanatismo!

Nenhum dos inspiradores das grandes religiões quis criar uma religião ou estabelecer um culto a sua pessoa. É verdade que, devido a sua missão cósmica e ao seu elevado nível de evolução, eles deram testemunho da sabedoria divina e deram um impulso espiritual à humanidade. Mas não foi sua intenção o serem divinizados ou se tornarem o ponto de partida de um sistema tão complexo de crenças e práticas religiosas. Além disso não há a menor dúvida de que, se eles vivessem na Terra atualmente, fariam oposição a muitas dessas crenças e práticas, não só porque a maioria delas não está em conformidade com as verdades místicas que eles ensinaram, como também porque algumas delas serviram de pretexto a guerras e perseguições diversas. Muitos crimes foram cometidos em nome de Deus e continuam sendo cometidos ainda hoje. Os grandes iniciados, inspiradores das grandes religiões, não aprovam nem apoiam os fanáticos religiosos ou aqueles que vivem sua fé de maneira cega ou dogmática.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Os Essênios e o Natal

O mês de Abril de 1947 caracterizou-se como um marco para o mundo arqueológico do século XX, quando aconteceu a grande descoberta dos Manuscritos do Mar Morto. Desde então, a tradução e divulgação do seu conteúdo têm atraído atenção mundial, e uma grande expectativa tem se instaurado quanto a possíveis segredos ainda não revelados. Foram encontradas em 11 cavernas, nas ruínas de Qumran situadas no vale do Mar Morto, centenas de pergaminhos que datam do terceiro século a.C. até 68 d.C., segundo testes realizados com carbono 14. Os Manuscritos do Mar Morto foram escritos em três idiomas diferentes: Hebreu, Aramaico e Grego, totalizando quase mil obras. Eles incluíam manuais de disciplinas, hinários, comentários bíblicos, escritos apocalípticos, cópias do livro de Isaías e quase todos os livros do Antigo Testamento. De acordo com os estudiosos, os Manuscritos estão divididos em três grupos principais: Sectários, Apócrifos e Bíblicos. Os Bíblicos reúnem todos os livros da Bíblia, exceto Ester, no total 22 livros. Os Apócrifos são os livros sagrados excluídos da Bíblia. E, finalmente, os Sectários são livros com visões apocalípticas e trabalhos litúrgicos. A descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto confirmou a referência feita, por H. Spencer Lewis no seu livro "As doutrinas secretas de Jesus”, aos essênios e seus ensinamentos secretos, que precederam o cristianismo e que Jesus deve ter conhecido bem. Um relatório parcial sobre essa descoberta, do arqueólogo inglês G. Lankester Harding, Diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, diz o seguinte: "A mais espantosa revelação dos documentos essênios até agora publicada é a de que os essênios possuíam, muitos anos antes de Cristo, práticas e terminologias que sempre foram consideradas exclusivas dos cristãos. Os essênios tinham a prática do batismo, e compartilhavam um repasto litúrgico de pão e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redenção e na imortalidade da alma. Seu líder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retidão.” Hoje, os Manuscritos do Mar Morto encontram-se no Museu do Livro em Jerusalém. O nome Essênios deriva da palavra egípcia Kashai, que significa "secreto". A organização nasceu no Egito nos anos que precedem o Faraó Akhenathon, o grande fundador da primeira religião monoteísta, sendo difundida em diferentes partes do mundo, inclusive em Qumran. Nos escritos dos Rosacruzes, os Essênios são considerados como uma ramificação da "Grande Fraternidade Branca". Segundo estudiosos, foi nesse meio onde passou Jesus, no período que corresponde entre seus 13 e 30 anos. Segundo os Manuais de Disciplina dos Essênios dos Manuscritos do Mar Morto, eles eram realmente originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C., formaram um pequeno grupo que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo. No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, pacíficos, de moralidade exemplar e de boa fé; dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam. Os Essênios não tinham criados, pois acreditavam que todo homem era um ser livre. Eram uma comunidade aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos. A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuíram para a chegada de Jesus. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus. Vivendo em comunidades distantes, os essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecerem a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra. Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implantar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Eu trouxe esta história para que, além de ampliar o nosso conhecimento, possamos questionar também as nossas atitudes, em meio ao mundo capitalista em que vivemos; queremos mais e mais posses materiais e esquecemos, muitas vezes, de que o planeta Terra não é mais do que uma mera passagem. Precisamos, na realidade, nos espiritualizar um pouco mais. Devemos conscientizar-nos para que, na nossa vida atual, possamos preparar o nosso futuro eterno. E para concluir, eu gostaria de plagiar o meu próprio filho, cuja frase eu copiei de um texto escrito por ele. Creio que ele possa servir como reflexão, a cada um de nós, na preparação do Natal deste ano, que diz o seguinte: “O verdadeiro templo não é feito de pedra, a verdadeira palavra não pode ser escrita, e o verdadeiro segredo não é visível aos olhos. Estas são coisas que a humanidade há de descobrir e, quando isto acontecer, as guerras cessarão e a humanidade trabalhará ombro a ombro em direção à construção de um mundo melhor para todos, fazendo das mãos instrumentos da sabedoria divina.”

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Atitude é tudo!

A Consciência e a energia criam a natureza da realidade, mas atitude é tudo. A primeira estabelece a lei sobre como as coisas se tornaram o que são e a segunda o porquê. Lá vai um exemplo disso. Os franceses, cuja cultura aceita sem problemas os hábitos de beber vinho, fumar, comer doces, consumir molhos que aumentam o colesterol, envelhecem com saúde, magros e felizes. Foram realizados muitos estudos na tentativa de descobrir qual o "segredo" deles, já que, de acordo com as teorias atuais, deveria haver uma ponte de safena para cada loja de doces. Mas não se trata de um segredo: é a atitude. Eles adoram o que comem e não sentem culpa por isso. Quando é pessoal, nós chamamos de atitude; quando é cultural, nós chamamos de paradigma; se é universal, nós chamamos de lei. "Como é dentro, é fora".

domingo, 20 de outubro de 2013

Qual é o sentido da vida?

A Ciência propõe duas explicações para essa dúvida metafísica. A primeira, mais tradicional, é o sentido (objetivo) da vida é se reproduzir. Ponto. Isso vale tanto para nós como para o sabiá, o cordeiro patagônico, etc. Pelo menos é o que diz a tese do gene imortal, uma das mais populares da biologia evolutiva. A segunda explicação é que o cérebro humano possui um mecanismo chamado sistema de recompensa. São grupos de neurônios que, toda vez que fazemos algo física ou mentalmente agradável, causam a liberação de dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. O sistema de recompensa tem uma influência gigantesca sobre nossas ações e decisões. Por que existe uma segunda explicação para o sentido da vida? Em vez de espalhar genes, o objetivo pode ser contentar o sistema de recompensa, ou seja, ser feliz.

domingo, 29 de setembro de 2013

A Criação do Universo e o Sufismo

A Criação do Universo sob o ponto de vista do livro "A Sabedoria dos Profetas", escrito por Ibn Arabi (1165-1240), considerado um dos maiores Mestres Sufis. "Deus quis ver Sua própria essência num objeto global que, sendo dotado de existência, resume toda a ordem divina, a fim de manifestar com isto Seu mistério a Si mesmo. A visão que Deus tem de Si mesmo em Si mesmo é semelhante a de um espelho. Deus criou primeiro o mundo inteiro como uma coisa amorfa e desprovida de graça, semelhante a um espelho que ainda não foi polido. É uma regra de Atividade Divina não preparar nenhum lugar sem que este receba um Espírito Divino, o que é expresso (nas sagradas escrituras) pela insuflação do Espírito Divino em Adão (no sentido figurado). Não há então mais do que um puro receptáculo, mas este provem da Manifestação Primordial, cósmica. A realidade inteira, do seu começo ao seu fim, vem somente de Deus e é para Ele que ela retorna..." Sendo o Sufismo mais uma filosofia do que uma religião, seu ensinamento assenta essencialmente numa relação de Mestre para discípulo. Em outras palavras, ele é transmitido principalmente de forma oral, o que permite preservar seu caráter esotérico. Por outro lado, cada Mestre parte do princípio de que todo discípulo tem no âmago de si mesmo a sabedoria que busca adquirir. Em virtude disto ele não se empenha em lhe inculcar um conhecimento e sim em livrá-lo de sua ignorância, o que nos lembra o adágio tão conhecido de todos os rosacruzes: "É da ignorância e somente da ignorância que o ser humano deve ser libertado". Com este objetivo o Mestre utiliza um método emprestado dos filósofos gregos, a maiêutica, cujo método consiste em pedir ao discípulo que faça perguntas e, em responder-lhe com outras perguntas, até que ele consiga entrar em contato com seu próprio Mestre Interior e receber as respostas diretamente dele mesmo. "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses", segundo Pitágoras.

domingo, 22 de setembro de 2013

Assim seja!

Por que os maçons terminam suas orações com a frase "Assim seja?" É costume nas orações contemporâneas as orações terminarem com "Amém", uma palavra que significa "assim seja". É uma palavra derivada do hebraico que significa "certamente". A utilização de "Assim seja" pelos maçons remonta ao poema Regius de cerca de 1390 d.C, o mais antigo documento maçônico conhecido ( pode ser encontrado no Museu Britânico, em Londres). è uma das Old Charges ou constituição gótica, utilizada pelos primeiros maçons para organizar o seu comércio. Este poema termina com este dístico: Amém! Assim seja! Assim dizemos todos para a caridade. Por isso os maçons terminam suas orações da mesma forma desde 1390. A próxima vez que estiver em loja, depois que o capelão terminar uma oração, lembre-se que você está dando continuidade a uma tradição maçônica de mais de 600 anos de idade.

sábado, 3 de agosto de 2013

Mudança de Paradigma

"Para a mudança de paradigma na atualidade, talvez o mais importante esteja acontecendo no plano pessoal. Nas duas últimas décadas, provavelmente, milhões de pessoas passaram por transformações drásticas em seus valores, percepções e formas de se relacionar entre si e com o mundo. Por que isto está acontecendo? Uma razão é alguns terem percebido que, uma vez tendo alcançado o fim de seus esforços para obter carros mais vistosos, casas maiores e sapatos para todos os dias do ano, o que resta é o vazio - o mesmo vazio que eles tentaram preencher com bens e sucesso financeiro. A visão materialista estabelece: mais dinheiro = vida melhor. Porém, tendo adquirido mais e tendo descoberto que o vazio permanece, a conclusão é: a premissa materialista está errada. O que está na balança? Nossa percepção da realidade. Quem é a balança? Somos nós."

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A Religião e a Ciência

A situação atual me parece muito preocupante e revela um certo declínio da civilização. Há inúmeras disputas ideológicas e religiosas, assim como é preciso reconhecer que a maioria das religiões se tornou dogmática demais, não respondendo mais as perguntas que as pessoas fazem com relação à espiritualidade. "Se o universo é tão incontrolável e imprevisível, tão cheio de possibilidades, por que nossos pensamentos sobre nossas vidas são tão limitados?" do livro "Quem somos nós?" Há centenas de anos, a ciência e a religião se separaram; elas se tornaram antagonistas no grande jogo de explicar e descobrir. Mas a ciência e a religião são dois lados da mesma moeda. Ambas ajudam a explicar o universo, nosso lugar no grande plano e o significado de nossas vidas. Na verdade, elas só poderão começar a cumprir esse papel de forma adequada quando se unirem. O declínio das religiões provoca uma crise existencial que força uma grande quantidade de pessoas a fazer suas próprias reflexões sobre o sentido da vida e a buscar formas mais autênticas de espiritualidade. Cada vez que pensamos (razão) em algo, sentimos (coração) ao mesmo tempo emoções correspondentes. É o centro psíquico pituitário, que envolve a hipófise, que faz esta interação, entre nosso estado mental e emocional. A fé (emoção) difundida pelas religiões deveria estar fundamentada na ciência (razão); é por isso que a igreja prega algo que nem ela própria sabe explicar; e fica difícil aos mais esclarecidos acreditarem. É que as religiões sempre dizem que temos que ter fé... fé em quê? Eu me nego acreditar em algo que minha consciência não consiga me explicar ou minha razão não consiga entender!

terça-feira, 11 de junho de 2013

A arte de ouvir

A oratória é uma arte. E será que ouvir também é uma arte? É difícil ser bom ouvinte quando quem ouve se julga superior a quem lhe fala. E na verdade também que as vezes precisamos ser pacientes diante daqueles que falam demais sem ter nada a dizer. A arte de ouvir deve ser exercitada juntamente com a arte de expressar ideias. Saber falar ou expressar ideias e saber ouvir ou aprender ideias são atitudes que representam uma vitória sobre o egoísmo e a vaidade. Quem sabe lancemos o desafio de nos fazer algumas perguntas! Ficamos atentos aos outros quando conversamos? Queremos monopolizar a palavra? Trocamos ideias ou tentamos persuadir os outros a aceitarem nossa opinião? Somos claros e concisos quando falamos? Fazemos esforço verdadeiro para ouvir os outros? Somos tolerantes com as ideias dos outros? Sabemos ouvir? As respostas que tivermos determinarão o nível do nosso aprendizado na arte de ouvir. Devemos aprender a ouvir, arte que nos ensina que somos meros neófitos na vida e que a vida é sempre bela e criativa com sua linguagem de Deus. Saber ouvir sempre foi a regra de ouro dos grandes iniciados da humanidade. Quem segue essa regra aprende a ouvir a si mesmo e pode ouvir sua Alma. Para ouvir o Mestre Interior, dispomos da prece e da meditação, que nos ensina sob o signo do silêncio místico e que “as grandes verdades só se ensinam bem no silêncio”.

domingo, 10 de março de 2013

O Nascimento do Cristianismo

Muitos séculos se passaram desde que Jesus veio a Terra, mas o impacto de sua personalidade e de sua missão foi tão grande que deu origem a uma religião, o cristianismo. Mas é importante esclarecer que o próprio Jesus nunca teve a intenção de fundar uma Igreja; aliás, nem foi este o caso de Moisés, Buda ou Maomé. Ele encarnou na Terra para cumprir a Redenção da humanidade e lhe trazer um influxo espiritual sem precedentes. Paralelamente, trouxe aos homens uma mensagem de esperança, baseada na fé em Deus e na prática do Amor Universal. Sua missão foi então a de Redentor e Mensageiro Divino, e não a de fundador de uma religião. Em lugar de fundar uma nova religião ele desejava dar um impulso às religiões já existentes. Neste sentido é preciso observar que foi aos próprios judeus que ele se dirigiu durante o seu ministério. Como testemunham os evangelhos ele nunca se opôs as suas crenças, empenhando-se ao contrário em demonstrar os fundamentos místicos da Torá. Isto prova que ele não tinha intenção de combater o judaísmo ou de substituí-lo por uma nova fé. Seu único propósito era de purificá-lo dos dogmas a que tinha dado origem no decorrer dos séculos, sob a crescente influência do clero judaico. Para isto ele esperava receber o apoio do Sinédrio, o que não aconteceu. Em nenhum momento Jesus pediu a seus discípulos que fundassem uma religião ou que lhe dedicassem um culto após sua “morte” (após a crucificação voltou a ser grande o Mestre dos Essênios). A este respeito, a célebre frase “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei minha Igreja" não consta nos evangelhos apócrifos. Podemos supor então que ela foi acrescentada mais tarde para justificar a fundação do cristianismo. É evidente que o Novo Testamento, tal como nos é apresentado hoje em dia, sofreu muitas modificações, para não dizer alterações desde sua origem. Aliás, esta observação é válida para as escrituras sagradas de todas as religiões atuais, pois todas elas foram objeto de numerosas adaptações ao longo dos séculos. Com relação ao Novo Testamento, é importante saber que entre os quatro evangelistas (Mateus, João, Marcos e Lucas), só os dois primeiros foram discípulos de Jesus. Do ponto de vista histórico e tradicional, o evangelho de Mateus (o único escrito em Aramaico, os outros em grego) foi terminado após a sua morte, por um de seus companheiros. Só João foi o autor do evangelho que lhe foi atribuído, escrito na Ilha de Patmos, na Grécia, quando tinha 96 anos, onde também escreveu o Apocalipse. Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são chamados de “sinópticos” porque os relatos que fazem da vida de Jesus são semelhantes, não somente na cronologia e no conteúdo dos eventos relatados, mas também nos termos empregados. O evangelho de João enfatiza o aspecto mais esotérico da missão de Jesus. Depois da morte dos discípulos diretos de Jesus, sua doutrina foi mantida por numerosas comunidades, cada uma delas colocada sob a direção de um guia espiritual, designado pelo nome de “presbyteros” ou “episkopos” em certos manuscritos gregos. Originalmente, estes guias espirituais, escolhidos por sua probidade e seu valor místico, restringiam-se aos ensinamentos de Jesus tais como haviam sido transmitidos. Mas, com o tempo, eles os descaracterizaram em proveito de uma liturgia que incluía rituais cada vez mais complexos e pomposos. Finalmente, um papa foi escolhido entre os bispos como representante do Cristo. Assim nasceram a religião cristã e o primeiro de seus sucessivos cleros. A partir da nomeação de um Papa, como autoridade suprema do clero cristão, todas as comunidades episcopais tiveram de se conformar ao mesmo credo e tornou-se necessário definir um cânon, ou seja, um sistema oficial de crenças e ritos. Esta providência exigiu vários séculos e foi necessário esperar os concílios de Nicéia (na Turquia), de Constantinopla, de Éfeso e da Calcedônia, que ocorreram respectivamente em 325, 381, 431 e 451 da nossa era, para que fosse fixado o credo básico do cristianismo. Esses concílios tiveram o apoio do império romano, servindo também para firmar e ampliar as áreas de seu domínio temporal e territorial. Podemos concluir dizendo que hoje em dia, infelizmente, devemos reconhecer que muitos dogmas cristãos se afastaram das doutrinas místicas que Jesus apresentou aos seus discípulos. Quem sabe o novo papa escolhido possa mudar essa história, reconhecendo que os dogmas cristãos possam ser revistos e abrindo aos pesquisadores universais os arquivos secretos do Vaticano, para que os fiéis cristãos possam aos poucos descobrir os verdadeiros ensinamentos primitivos da antiga Galiléia. Conforme o que Jesus havia pedido aos seus discípulos, os guias espirituais da época se contentavam em transmitir uma abordagem diferente de Deus e da finalidade da existência humana, convidando todos a “amarem o próximo como a si mesmo” e a buscarem a felicidade na veneração a Deus. Que sejam eliminados os rituais pomposos das Igrejas cristãs, valorizando o silêncio e a reflexão para a verdadeira mensagem crística, mais humanista e mais adaptada a todos os povos, livre de todos os preconceitos que jogam uns contra os outros. Que assim seja!