segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A Origem e a Validade das Religiões

Quanto à origem, é muito difícil ou talvez impossível determinar em que momento e em qual continente apareceram as primeiras religiões. A maioria dos antropólogos considera que esse surgimento ocorreu simultaneamente na África, na Ásia e na Europa por volta de 70 mil anos AC, época dominada pelo homem de Neandertal. Numerosas descobertas arqueológicas provam que ele realizava rituais mágico-religiosos, com oferendas ou sacrifícios de animais dedicados aos deuses. Também muitas sepulturas que datam dessa época demonstram que ele tinha um cuidado especial com os mortos. Segundo alguns estudiosos da pré-história, o surgimento é ainda mais remoto, ao redor de 500 mil AC, quando viveu o Homo erectus do qual foi encontrado um espécime numa gruta perto de Pequim, rodeado de crânios em forma de círculos, podendo assim supor-se que constituía um ritual religioso. Do ponto de vista místico, a religião é tão antiga quanto o próprio ser humano, pois faz parte integrante do seu ser. Por mais longe que se remonte no tempo ele sempre teve uma alma animada do desejo de evoluir para uma conscientização maior de sua própria natureza; foi graças à sua impulsão que ele despertou para a espiritualidade e desenvolveu um sentimento de religiosidade. É verdade que esse despertar e esse desenvolvimento foram se produzindo gradualmente e se manifestaram de formas muito primitivas durante milênios. Por mais arcaicas que tenham sido, as crenças religiosas de nossos ancestrais remotos testemunham seu desejo inato de melhor se conhecerem e de melhor compreenderem o Deus em que acreditavam. Nesse aspecto não há qualquer diferença fundamental entre sua busca interior e a do homem moderno. Quanto à finalidade, a religião é um conjunto crenças e práticas que tem por finalidade a união com Deus. Esta definição levanta o problema da origem dessas crenças e práticas. Inicialmente elas tiveram sua fonte na Iluminação pessoal de um Grande Iniciado. Assim, o judaísmo foi inspirado por Moisés, o budismo por Buda, o cristianismo por Jesus e o islamismo por Maomé. Estes Iniciados, após terem recebido a Iluminação, eles ensinaram a um grupo limitado de discípulos as revelações que tinham obtido e que constituíam em si mesmas um sistema de doutrinas. Alguns desses discípulos perpetuaram oralmente o conhecimento que lhes foi transmitido e o tornaram acessível ao povo. Outros o registraram por escrito em pergaminhos e estabeleceram as bases do que hoje consideramos as "Escrituras Sagradas". Quando estudamos atentamente a vida e a obra dos Grandes Iniciados que deram origem às religiões atuais, constatamos que em sua maioria eles eram membros de uma Escola de Mistérios ou de uma Fraternidade mística. Por outro lado, nenhum deles quis deliberadamente fundar uma religião. Como missionários da Grande Loja Branca, seu objetivo era acima de tudo sensibilizar os homens para a espiritualidade e lhes inculcar um código moral, graças ao qual pudessem assumir melhor sua existência e viver em harmonia com seus semelhantes. Os inspiradores das religiões reveladas eram Iluminados, muito evoluídos e tinham um grande conhecimento das leis naturais e universais, que transmitiram e mostraram o caminho que devia ser seguido para se alcançar o mesmo estado de elevação espiritual. Infelizmente, a maioria das religiões atuais está desprovida de iniciações místicas e não ensina mais a técnica que permite a ascensão pessoal à Iluminação. Normalmente elas se limitam a comentar a vida do sábio, profeta ou messias a que estão ligadas, citando-o como exemplo de sabedoria, amor e compaixão, pedindo aos fiéis que o venerem e creiam nele, como caminhos de crença e salvação. Como sabemos, muitas religiões antigas estão sendo cada vez mais abandonadas por seus fiéis, pois as mesmas não oferecem respostas aceitáveis para as perguntas fundamentais que o ser humano atual se faz sobre a questão de sua natureza, sua origem e seu destino, a saber: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Por outro lado, sua posição oficial, quanto aos problemas que confrontam as sociedades atuais é frequentemente dogmática e anacrônica, transformando a doutrina original num credo cristalizado no tempo. Isso não significa que a mensagem trazida por seus fundadores não seja válida. Lamentavelmente, a maioria das religiões se recusa a questionar e rever o conteúdo de seus ensinamentos, a fim de fazer as adaptações necessárias para torná-los mais modernos. A maioria delas também deu origem a uma classe sacerdotal que se apropriou dos ensinamentos e os transformou em crenças dogmáticas para submeter o povo e enriquecer às suas custas. Assim, o que foi destinado a despertar as consciências tornou-se, em muitos casos, um credo que manteve os homens na ignorância das doutrinas originais.